A feiura da moda – um relato e seus desdobramentos filosóficos

   

   Hola muchachos y muchachas!!! Hoje estava pensando numa coisa que domina a vida das pessoas de uma forma muito sorrateira e perniciosa, que consome nossas forças e, pra muitos, se torna o motivo de suas existências carentes de objetivos maiores e/ou melhores. Eu tô falando da moda, essa coisa que dita o comportamento humano, seja em relação ao que for, mas, sobretudo em relação ao consumo.

   Certa vez, alguns anos atrás, quando eu ainda era um pobre metaleiro desprovido de senso de ridículo e fanatismo, conversava com uma prima minha enquanto a gente estava no carro escutando algum disco daqueles bem pesados.  Ela obviamente rechaçou com todas as forças patricísticas (a gente bem sabe que patricinha não curte heavy metal), aí eu perguntei pra ela do quê ela gostava, e ela me disse patricisticamente falando “aaaahhhh... eu gosto do que tá na moda”. Aquilo obviamente me deixou estarrecido, pois os metaleiros amam ser diferentes (doce ilusão, eles são mais iguais do que imaginam). Hoje a lembrança me estarrece ainda mais, como pode alguém gostar do que está na moda?!......pense bem!!!! Ela não gosta da coisa ou da música, ela gosta da moda, gosta de estar por dentro, gosta de ser aceita por ser mais um a entrar na trama que envolve quase todo mundo. Por acaso a pessoa pode até gostar da música, mas obviamente pra isso é necessário certo grau de apreciação, coisa que a moda não permite muito, porque logo vem outra tendência. E se a moda der tempo pras pessoas pensarem elas jamais consumiriam o que ela impõe como tendência, porque a moda tem um talento especial para deixar as coisas deformadas e feias. Assim é com as roupas, com as músicas, com os filmes, com tudo que pode ser massificado e, infelizmente, até mesmo com as mulheres que se submetem às esquisitices que deformam seus corpos (bom, mas isso é tema pra um livro inteiro).

   Bem, eu não tenho nada contra as patricinhas ou querer ser aceito, isso é um direito de todos. O que incomoda é o fato da arte ser cada vez mais suprimida da música que chega aos ouvidos da maioria das pessoas e ser suplantada por modismos e superficialidades tão débeis que me fazem achar que a música aos poucos está sendo esquartejada.  A cultura de massa produz muito lixo, são muitos descartáveis que aparecem todos os dias e que vão direto para a lixeira do esquecimento em poucas semanas e assim os jovens conhecem cada vez menos as músicas que eram feitas como arte, e infelizmente esses mesmos jovens não tem acesso a essa música artística que é feita hoje simplesmente porque a moda não dá espaço para eles (isso inclui espaço psicológico, ou seja, querer). Sendo assim, com o passar das gerações, muitas coisas realmente valorosas vão virar peças de museu em uma exposição de partituras. E músicas curtas, insossas, sem graça, sem emoção, sem cor, sem vida irão direto pros ouvidos e cérebros dos descolados de todo mundo, graças à moda, que leva as pessoas a fazer o que elas não gostam, a ouvir o que elas não gostam, a comprar o que elas não gostam e não precisam só porque dessa maneira fica mais barato produzir muito e lucrar muito. Faltam ARTEsãos no mundo.

    Uaca uaca uaca!

   PeX